A NOVA CONSCIÊNCIA DO FEMININO
- consteladamentee
- 25 de set. de 2022
- 3 min de leitura

Ao contrário do que muitos pensam, não chegamos neste mundo como uma folha em branco, uma vez que já está comprovado que carregamos no nosso DNA informações relacionadas a vivências de pessoas que nos antecederam, na forma de dores, traumas, sentimentos, emoções, virtudes, alegrias, inclusive memórias.
Há menos de 100 anos atrás houve guerras que duraram anos, razão pela qual, muitos pais de família que foram convocados para a guerra saíram de casa e nunca mais voltaram. Houve também ditaturas, épocas sombrias em que pessoas, geralmente homens, simplesmente desapareciam. Até então, as mulheres dessa época, nossas antepassadas, se ocupavam basicamente de trabalhos domésticos e cuidado dos filhos, salvo raras exceções.
Se observarmos o movimento dos tempos, podemos perceber que grandes conflitos que ocorrem em nível global, como guerras e pandemias, promovem grandes mudanças na cultura e na consciência das pessoas. São eventos que fogem ao nosso controle, onde a única coisa que podemos fazer é nos readaptar.
As mulheres que viveram há cerca de 100 anos atrás, diante da ausência de seus homens, se viram sem alternativas senão a de darem conta sozinhas da própria sobrevivência e dos filhos. Elas transformaram a dor em força e essa memória vive até hoje em muitas de nós.
O comando criado foi o seguinte: preciso ser forte e dar conta sozinha. Quem se identifica com isso?
Mas o que isso tem a ver conosco, mulheres do tempo presente? A resposta é TUDO e NADA. Eu explico.
TUDO porque, como dito inicialmente, não chegamos neste mundo como uma folha em branco. Essas vivências das mulheres que nos antecederam criaram padrões de sobrevivência nelas e esses padrões foram sendo transmitidos ao longo das gerações até chegar em nós. E o resultado é a epidemia que vivemos hoje de mulheres exaustas, que trabalham fora, cuidam da casa, dos filhos, e dos maridos como se fossem filhos. Cuidam de todos, mas não cuidam delas mesmas.
Eu falo elas, mas o certo é dizer nós, pois essa percepção é da minha própria vida, da vida da minha mãe e da minha avó. Outro dia ouvi da minha mãe a seguinte frase: “Estou cansada de ser forte.” A história dela assim como de várias mulheres da geração dela e da minha é a mesma, uma vida de trabalho sem descanso para darem conta de tudo sozinhas, exatamente como fizeram as nossas antepassadas.
Na Constelação, chamamos de lealdades invisíveis quando repetimos as histórias de vida de pessoas da nossa família. O comando inconsciente no caso em comento é o seguinte: Se as mulheres da minha família não puderam ter um homem para dividir os encargos da família, eu também não posso ter. E assim, ainda que haja homens dispostos a dividir a vida conosco, com todos os ônus e bônus, não conseguimos deixar que o façam, pois não temos permissão para isso. Quantos homens não conseguem ocupar o seu lugar de pai e de marido em razão de lealdades inconscientes como essas de muitas de nós com nossas antepassadas?
E por que isso, em tese, não tem NADA a ver conosco? Porque os homens não precisam mais ir embora, nem nos deixar sozinhas para dar conta de tudo. Pelo contrário, percebo que eles vêm tentando voltar para casa e tomar o seu lugar, mas muitos encontram barreira na nossa energia masculina, que precisou ser elevada por nossas antepassadas para que pudessem dar conta.
E sabe por que é tão difícil voltarmos à nossa polaridade feminina e darmos espaço aos homens na nossa vida? Poque esse movimento representa o rompimento de um padrão que se perpetuou por várias gerações, e que vem, inevitavelmente, acompanhado de CULPA. Como me atrevo a fazer diferente das mulheres da minha família? Como posso ser feliz se elas não puderam ser?
Esses comandos que nos acompanham são inconscientes, e vêm se mostrando repetidamente nas dinâmicas de Constelação, promovendo uma nova consciência a essas mulheres leais, que estão exaustas e não querem mais carregar esse fardo desnecessário.
Os novos comandos são de honra às nossas antepassadas e não mais de lealdade. Para honrá-las, pedimos permissão e a benção delas para fazermos diferente e, com isso, trazemos paz às mulheres, não somente do nosso sistema familiar, pois se trata de uma mudança de consciência baseada nas necessidades e possibilidades do presente, que aos poucos vai se tornando uma nova consciência coletiva do feminino.
Karine Kwiatkowski Santos
Advogada e Consteladora Familiar
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